Paula Aoki | Fonoaudióloga

Pac x Distúrbio de aprendizagem



PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL X DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
O que o sistema processamento auditivo central se refere a uma série de operações auditivo realiza para interpretar vibrações sonoras por ele detectadas.

Azevedo e Col. (1995), referem que a integridade anátomo – fisiológica do sistema auditivo constitui um pré – requisito para aquisição e desenvolvimento normal da linguagem.

Avaliação do PAC
Embora não se encontrem detalhes de como o sistema auditivo realiza o processamento auditivo, foram identificadas algumas etapas que devem ser avaliadas através de alguns testes.
- Atenção seletiva: é a capacidade de selecionar estímulos, é avaliado através de estímulos verbais de escrita dicótica.
-Detecção do som: é a capacidade de perceber, identificar a presença de um som, é avaliado através de audiometria, discriminação vocal, timpanometria e pesquisa de reflexo.
- Sensação sonora: é quando um estímulo é recebido pelo sentido da audição, é quando o indivíduo tem a sensação se o som é alto ou baixo, forte ou fraco, longo ou curto.
- Discriminação: é o processo de detectar diferenças entre os estímulos sonoros.
- Localização: é saber local da origem do som, é avaliado através da localização sonora em cinco direções.
- Reconhecimento: requer aprendizado, é avaliado através de logoaudiometria pediátrica, para o reconhecimento de frases na presença de mensagem.
- Compreensão: dar significado ao som escutado.
- Memória: arquivar informações e recuperá-las quando houver necessidade, é avaliado através de memória seqüencial para sons verbais (pa ,ta, ca) e não verbais (guizo, coco, sino, agogô)
Para Pereira (1996), é fundamental realizar – se o diagnóstico sobre as condições da audição de um indivíduo, principalmente para orientação do processo de reabilitação fonoaudiológica e / ou prevenção de distúrbio de comunicação. A avaliação do PAC deve ser posterior à avaliação audiológica.

Etiologia do PAC
- Fatores hereditários; - Problemas no SNC massa cinzenta (córtex) = causa efeito direto da função auditiva; Substância branca ( tronco cerebral ) = causa interferência na transmissão sonora;
- Crises de OM na primeira infância;
- Manifestações das DPAC;
- Manifestações comportamentais.

Quanto a comunicação oral
- Problemas de produção de fala envolvendo os sons / r / e / l / principalmente;
- Problema de linguagem envolvendo estrutura gramatical;
- Dificuldade em compreender em ambiente ruidoso;

Quanto ao comportamento social
- Distraídos;
- Agitados, hiperativos ou muito quietos;
- Tendência ao isolamento.
Quanto ao desempenho escolar
- Inferior em leitura, gramática , ortografia ,matemática.

Quanto a audição
- Impressão de que as vezes ouve bem e as vezes não;
- Atenção ao som prejudicada;
- Dificuldade em ouvir em ambiente ruidoso.

Manifestações clinicas
Apresenta prejuízo de:
- Localização sonora;
- Memória auditiva para sons em seqüência;
- Identificação de palavras decompostas acústicamente;
- Identificação de sílabas palavras ou frases na presença de mensagem competitiva em tarefas monóticas ou dicóticas.

Limiares de audibilidade:
- Próximos ao limite superior da faixa de normalidade (15-20 dBNA);
- Discreta perda auditiva de (25 – 30 dBNA) em frequências isoladas.

PAC e Distúrbio do Aprendizado:
Crianças portadoras de distúrbio de aprendizagem tem dificuldades em vários aspectos do processamento auditivo linguístico e apresentam falhas cognitivas. É possível que comprometimentos linguísticos ou cognitivos possam ser resultantes de problemas perceptuais.
As crianças encaminhadas para avaliação do PAC apresentam dificuldades em 3 grandes áreas e podem ser divididas em 3 grupos:
Crianças com alteração de comportamento, de atenção e dificuldades auditivas não orgânicas.
Crianças com suspeita de distúrbio de aprendizagem, cuja queixa é apresentada pelos pais ou professores.
Crianças encaminhadas por apresentarem distúrbio de comportamento social.

Causas dos distúrbios do aprendizado:
O aprendizado da leitura e da escrita está vinculado a um conjunto de fatores, sendo que os principais são: domínio da linguagem e a capacidade de simbolização. A análise das manifestações de um distúrbio deve-se as condições internas (integridade anátomo – funcional) e externas (estímulos do meio) necessárias para o desenvolvimento deste aprendizado.

Relacionando as condições externas e internas de aprendizagem, estas podem evidenciar desde uma simples alteração na qualidade do aprendizado da leitura e da escrita, ou regular desvios nos processos de aprendizagem, que revelariam um distúrbio no aprendizado da leitura e da escrita.

Terapia fonoaudiológica:
Segundo Desgualdo (1996), a fonoterapia deverá realizar o treinamento auditivo verbal envolvendo as habilidades auditivas de atenção seletiva, localização, memória, fala e linguagem, desenvolvendo estratégias de seqüencialização sonora, figura-fundo auditivo, monitoração auditiva da produção de fala, amplificação do vocabulário, melhorar o conhecimento das regras da língua, discriminação auditiva, associação fonema-grafema. O objetivo de criar condições para que o indivíduo possa se reorganizar quanto aos aspectos envolvidos na comunicação no que se refere a utilização dos fonemas e regras da língua.

Para Katz (1989), é importante propiciar um meio acústico que possa ser útil para o aprendizado através da terapia direta para melhorara as funções auditivas.

Controle acústico e auxílio visual:
- Melhorar a acústica da sala de aula em nível de ruído aumentando a clareza da fala.
- A posição da criança em sala de aula: evitar sala com divisórias não acústicas (tipo eucatex); sentar a criança longe do corredor ; do ruído da rua; e não mais do que 3 metros do professor.
- Local de estudos sem distrações auditivas e visuais.
Estratégias para uma comunicação melhorada em sala de aula:
- Entrada visual simultânea a mensagem auditiva podem ajudar na memorização;
- Lista do vocabulário chave: escrever na lousa palavras-chave do novo material e as instruções (a criança com PAC necessita de anotações organizadas e lembretes);
- Vocabulário e mensagem controlados em termos de complexidade e extensão;
- Monitorar a compreensão e o progresso da criança;
- Avaliação da compreensão: perguntas relativas a matéria devem ser feitas periodicamente, avaliando sua compreensão;
- Preparação: preparar a criança anteriormente com novos conceitos e vocabulários que serão utilizados em sala de aula;
- Métodos para prender a atenção da criança;
- Antes de ensinar chamar a criança pelo nome ou por toques gentis;
- Ajuda individual;
- Fazer intervalos mais frequentes;
- Uso de instruções curtas;
- Tampão monoaural com um auxílio de audição: considerando que a orelha pior não contribui para o proveito binaural e pode alterar o desempenho da orelha melhor, mantém – se a orelha ruim ocluida nos momentos em que a criança necessita de maior concentração. Em terapia, estimula-se mais o lado ruim, até se chegar próximo a um equilíbrio.
- Assistência quanto a memória, fala e linguagem valorizando as pistas de linguagem e os aspectos cognitivos;
- Seqüencialização com sons verbais e não verbais;
- Memória auditiva;
- Discriminação auditiva e associação fonema – grafema;
- Treinamento auditivo: dessensibilização da fala em presença de ruído e estimulação mono e binaural com e sem competição com ruído;
As DPAC quando detectadas precocemente, permite a adequada orientação aos pais e facilitam a conduta de professores no processo de aprendizado. Deste modo, reforça-se a participação do fonoaudiólogo junto a equipe profissional que atua nas escolas.

Fga. Paula Aoki
CRFa.8264-PR É fonoaudióloga clínica, formada pela Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR) ano de 2002, atuando parte clínica desde 2002.
 
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